quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Estilo Tribal no Brasil


Falar de Tribal no Brasil, não é necessariamente igual a falar de “Tribal Brasil”. Muitos são os debates a respeito de uma Dança Tribal tupiniquim e suas influências já existem e podem ser tão grandes quanto a nossa cultura. Seria preciso um outro texto para refletir e abrir mais um debate a respeito deste inesgotável assunto. Esta parte do texto visa apresentar nomes de dançarinas e Cias de Dança, promotoras e estúdios além de alguns eventos de Dança Tribal que estão em atividade e também os que já não mais acontecem    no Brasil.

Shaide Halim
No Brasil, as pesquisas no estilo tiveram início na década de 2000. Shaide Halim, fundadora da Cia Halim de São Paulo foi a grande pioneira, trazendo dos Estados Unidos informações sobre ATS®, postura tribal e fusão, traçando sua própria linha de pesquisa que chamou de “Tribal Brasileiro”, bastante influenciada por Flamenco, Dança Indiana e Afro. Shaide ministrou muitos workhops e influenciou largamente muitas dançarinas que começavam seus estudos. 
Em 2007 aconteceu o II Encontro Internacional Bele Fusco em São Caetano do Sul – SP. Este evento foi decisivo para o fomento do interesse em Tribal no Brasil, com a primeira vinda da americana Sharon Kihara, na época integrante da Cia Bellydance Superstars. Neste período já existiam iniciativas de estudo espalhadas pelo Brasil, como a Cia Lunay na Paraíba, Nanda Najla em Belo Horizonte, Cia Xamã no Rio Grande do Norte, entre outras.

No Rio de Janeiro, a Escola de Dança Asmahan, foi a pioneira no ensino de Tribal, sua diretora Jhade Sharif e a professora Nadja El Balady se interessaram em difundir o estilo e fomentar o estudo a respeito do Tribal e com isso, em parceria, criaram o primeiro festival no Brasil dedicado exclusivamente ao estilo Tribal: “Festival Tribal do Rio – Tribes Brasil” que aconteceu em junho de 2008.


O festival foi um marco: profissionais de diversos estados brasileiros, estiveram na cidade nas edições 1, 2, 3e 4 em 2008, 2009, 2010 e 2011 respectivamente, trazendo suas criações, dando e fazendo aulas nas inúmeras oficinas dedicadas ao aprimoramento técnico das participantes do evento. Estiveram presentes representantes de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraíba e Rio Grande do Norte, assim como dançarinas de todo o estado do Rio de Janeiro. Em 2010 o festival contou com as  internacionais Isabel de Lorenzo (Itália) e Geneva Bybee (USA) de ATS® e Tribal Fusion. Em 2011 com Ariellah Aflalo entre outras bailarinas nacionais.

Nos anos de 2010 a 2011, no Rio de Janeiro, esteve em atividade a Cia de dança “Caballeras". O espetáculo de dança e música “Tribal Gênese” aconteceu como parceria da Cia de Dança "Caballeras" e a banda "C.O.M. Fusion" – Conspiração Oriente Metal Fusion. A vida da Cia foi breve, mas marcou a cena tribal brasileira com espetáculos inovadores de concepção estética única.

Em 2012 o Rio de Janeiro sediou a primeira edição brasileira do festival internacional "Gothla" de Dark Fusion com a participação de Ariellah (USA) e Morgana (ES).


“A Caravana Tribal Nordeste” é um festival itinerante de dança Tribal que une Cias de Dança e representantes do festival em algumas capitais do nordeste brasileiro, como Recife, Salvador, João Pessoa e Natal. Existente desde 2009, o festival tem sido definitivo para o largo fortalecimento da cena tribal nordestina. Trabalhos de excelente qualidade artística e profunda pesquisa na fusão do Tribal com as danças populares brasileiras de matriz nordestina. Kilma Farias, Alê Carvalho, Carol Monteiro, Bela Saffe, Cibelle Souza entre outras expoentes bailarinas e professoras se dividem entre as tarefas de organizar, ensinar, ensaiar, criar e produzir, fazendo acontecer em suas cidades grandes celebrações de arte. Além disto a Caravana já teve a participação de atrações internacionais como Mira Betz, Emine di Cosmo e Anasma. Em 2011, a "Cia Shaman" e a cidade de Natal se desligaram da Caravana para trabalhar no "Shaman’s Fest", festival internacional que já trouxe Mira Betz e Samantha Emanuel.

Kilma Farias
Eu diria ainda, que Kilma Farias mereceria um capítulo a parte, se este texto fosse um livro. Bailarina e produtora competente, já esteve a frente de inúmeros eventos pequenos e grandes, regionais e internacionais, fazendo parceria com todos os festivais e produtoras do Brasil. À frente da Cia e "Studio Lunay", Kilma tem muitas outras atividades e qualidades a serem mencionadas. Não caberiam em breves palavras neste texto.

Voltando nossos olhos para a cena de São Paulo, não é possível mencionar o início da trajetória do Tribal no Brasil sem citar o festival “II Encontro Internacional Bele Fusco” que em 2007 trouxe pela primeira vez Sharon Kihara (USA) ao Brasil. Posteriormente, 2008 com Kaeshi Chai (USA) e em 2009 com o festival "Tribal y Fusion". Em 2010, a Bele Fusco produziu o festival “Tribal Extreme” em parceria com Kilma Farias em João Pessoa (PB), que contou com a participação de Sharon Kihara. Aliás, nestes primeiros anos, Sharon Kihara foi a grande estrela presente na formação de todas as dançarinas, uma vez que a Bele Fusco produziu com ela diversas imersões e workshops. A Bele Fusco teve papel fundamental também organizando concursos que lançaram grandes nomes da dança atuais. A Cia “Dancers South America” (DSA) também é uma iniciativa da Bele Fusco e conseguiu reunir grandes coreógrafas e bailarinas para espetáculos memoráveis e experiências de grande valor.

É preciso destacar o festival “Tribal y Fusion” em 2009, como momento de revelação de diversas companhias de dança e bailarinas que hoje são de grande relevo no cenário nacional. Neste festival ministraram workshops Sharon Kihara (USA), Mardi Love (USA) e Ariellah (USA), Carlos Clark (MG), Mariana Quadros (SP), Carol Schavarosk (RJ), Nanda Najla (BH-MG) e Nadja el Balady (RJ).


O Festival Campo das Tribos, organizado por Rebeca Piñeiro, teve sua primeira e despretensiosa edição em 2009 e vem aos poucos tomando proporções belas em organização e desempenho. Principal evento de tribal da cidade de São Paulo, hoje caminha para se tornar um dos principais do país, atraindo participantes de todos os estados e importantes atrações internacionais. Trazendo em 2013 pela segunda vez a Lady Fred e pela primeira Kami Liddle. Ambas americanas.
Existem já diversos grupos de pesquisa em Tribal em São Paulo, bailarinas de excelente qualidade técnica, que têm difundido o estilo que cresce em boas proporções. “A Escola Campo das Tribos”, especializada em Tribal conta com um bom número das profissionais que fazem a diferença por lá.

ATS® e ITS no Brasil


No ano de 2009 nasceu no Rio de Janeiro a “Tribo Mozuna”, núcleo de bailarinas que se dedicam a estudar e praticar ATS® e que funciona como verdadeiro pólo difusor do estilo no Brasil. A Tribo têm como principal referência a Cia FatChance BellyDance® e teve orientação de Isabel de Lorenzo, credenciada como “Sister Studio” em Roma, Itália. A Tribo Mozuna mantém atividade constante, tendo levado o resultado de seus estudos a diversos festivais no Rio de Janeiro e outros estados. Em, 2012, suas diretoras Aline Muhana e Nadja El Balady se credenciaram como “FCBD® Sister Studio”, após passarem pelo treinamento completo de ATS® no Studio FCBD® em San Francisco, CA.


Isabel de Lorenzo
A primeira “FCBD® Sister Studio” brasileira foi Isabel De Lorenzo, que reside em Roma, Itália. Tem a oportunidade de difundir o ATS® entre diversos grupos e estudantes, aqui no Brasil. Diretora do grupo de ATS® “Carovana Tribale”, do estúdio de dança “San Lo' “e do “Roma Tribal Meeting”, festival de Tribal em Roma.
Mariana Quadros, também bailarina e professora de Tribal Fusion, foi a primeira brasileira residente no Brasil que tirou o certificado de “FCBD® Sister Studio” e fundou na época o grupo “Pandora”, com ATS® de excelente nível e bom gosto. Assim, como Isabel, ajudou com boas informações sobre ATS® diversos grupos e bailarinas brasileiras.
Atualmente, em 2012, mais sete brasileiras vieram credenciadas de San Francisco, e ávidas por empregar os conhecimentos em sua nova formação, são elas: Nadja El Balady, Aline Muhana, Rebeca Piñeiro, Renata Camargo, Valdi Lima, Mariana Esther e Lilian Kawatoko.
É interessante ressaltar que algumas Cias já existentes começam a adotar o ATS® como prática de estudo e criação, mesmo não sendo esta a sua base inicial de dança. É o caso da Cia Lunay e Aquarius Tribal Fusion. Várias outras cias começam a pipocar e a progredir, descobrindo e investindo na matriz do estilo, como o “Nomadic Tribal” e “Trupe Tribal Gaia”.
No mais...
É preciso destacar a presença de Nanda Najla (MG) e Kilma Farias (PB) como artistas convidadas no festival “Spirit of the Tribes” em 2009 e 2010, na Flórida - EUA, como comprovação da qualidade e da originalidade do Tribal desenvolvido no Brasil.

Seria muito importante falar de Cias e grupos de dança como Kalua, Kairós, Lunay, Xamã, Damballah, Ulan Daban, Aquarius Tribal Fusion, entre tantas outras... Seria importante falar de Paula Braz, Cibelle Souza, Gabriela Miranda, Yoli Mendez, Marília Lins, Jaqueline Lima, Joline Andrade, Talitha Menezes, Bia Vasconcelos e seu "Orient Fair", Rhada Naschpitz, Karine Xavier, Carol Schavarosk, Ana Harff, Karina Leiro, Bety Damballah, entre muitas outras pesquisadoras, bailarinas e bailarinos, professoras, organizadoras, escritoras de blog e criadoras do estilo que é tão novo quanto apaixonante...

Cia Xamã
Felizmente não é possível citar todos os nomes que fazem diferença na cena tribal do Brasil. Felizmente, porque são muitas. O texto acabaria por se tornar uma lista infindável de mini currículos com datas e nomes de festivais... Isso prova que o estilo está em franca expansão, buscando suas próprias questões e encontrando em suas artistas soluções e caminhos. Vida longa ao Tribal, ao Tribal no Brasil e à criação, ao diálogo e ao respeito entre criadoras e criadores ligados pela paixão de concretizar no mundo sua arte.

2 comentários:

  1. Ao seu texto de pesquisa poderia ficar mais completo, pois existe a informação que a Trupe Ashaki Cia de danças de Natal/RN foi a pioneira em Tribal aqui no Estado, idealizadas por mim com meus registros desde de 2004 em apresentações locais, fui a campeã do primeiro concurso da belefusco em 2007, além de formar e inspirar grandes profissionais hoje que infelizmente, não mencionam isso em seus curriculos, muitos dos acervos de vídeos os primeiros até em tribal fusion, foram trazidos por mim desde essa época, 2004, quando conheci os primeiros trabalhos das bellydancers Superstars, e fascinei-me pela Rachel Brice. É infelizmente as obras não estão completas, mas um dia a história se revela, tá registrado! Obrigada pelo espaço!

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    1. Obrigada pela sua contribuição, Aini Ashaki! Trabalharei para incluir sua informação.
      Desculpe pela ignorância!

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